O Trono de Diamante, de David Eddings

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Eu não fazia ideia do peso deste livro para a literatura fantástica até eu começar a leitura. Quando na metade do livro, fascinado pela escrita do autor, fui procurar saber de quem era o nome que estampava aquela capa, me deparei com David Eddings e inúmeros artigos falando da sua importância para a fantasia épica.  
O Trono de Diamante foi publicado no Brasil pela editora Aleph, 16 anos depois de seu lançamento original., e faz parte da Trilogia Elenium, a segunda série de fantasia escrita por David Eddings.  
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Após dez anos de exílio, Sir Sparhawk, cavaleiro da Ordem Pandion, retorna a Elenia e encontra sua terra natal imersa em sombras. O inescrupuloso Annias, primado da Igreja e membro do Conselho Real, manipula o débil príncipe regente para governar de fato, visando seus próprios interesses. A legítima soberana, Ehlana, acometida por uma estranha doença, jaz adormecida em seu trono, protegida por uma barreira de cristal. Graças a um poderoso feitiço, seu coração ainda pulsa, mas ela não resistirá a menos que uma cura seja encontrada antes que transcorra um ano. Sparhawk parte, então, em uma busca obstinada para salvar sua rainha e seu reino, travando uma luta incessante contra o tempo, as autoridades vigentes e toda sorte de perigos – reais e sobrenaturais. Nessa jornada de luz e sombras, ele contará com a ajuda de seus irmãos de armas, de seu escudeiro fiel, de uma feiticeira, de um jovem ladrão e de uma misteriosa menininha, cujas origens são desconhecidas.

O Trono de Diamante foi uma leitura mais que revigorante para mim. Há um tempo eu decidi me aventurar por outros gêneros e fui de cabeça, mas já estava sentindo falta de pegar e sumir por entre as páginas de um livro de fantasia. 
Logo no prólogo, o leitor é apresentado à uma uma história que há muito tempo jaz adormecida e esquecida por grande parte das pessoas. A história ocupa poucas páginas, mas é muito importante para o livro. Essas páginas trazem uma narrativa sobre Ghwerig, um troll anão, e o seu fascínio por uma pedra fonte de imenso poder, que encontrada por ele, foi tomada por um deus ancião. Entretanto, após uma série de fatores, a pedra acabou por se perder nas profundezas de um lago. A lenda em si carrega uma narrativa muito simplória, sem muitos efeitos para o leitor e pode acabar passando batida. Na verdade eu temia que fosse este o estilo de narrativa que seria levado por todo o livro. Entretanto, nas primeiras páginas do capitulo um, meu medo foi por terra e eu fui surpreendido por uma narrativa muito agradável e bem construída.



    A história se inicia quando Sparhawk, um cavaleiro de uma ordem de soldados da igreja, volta para Elenia depois de alguns anos de exílio.
A recepção não poderia ser pior: Ehlana, rainha a qual ele jurou prometer antes de ter sido exilado, está doente e não há muita esperança para ela. A doença que lhe acomete traz os mesmos sintomas da responsável pela morte de seu pai,  o Rei Aldreas,  e infelizmente, essa doença não pôde ser identificada, e ainda não foi possível encontrar uma cura para tal.
   A Ordem Pandion é uma ordem de cavaleiros a serviço da igreja. Esses cavaleiros são introduzidos, desde o inicio de seu treinamento, à pratica de magia. Há muito tempo é assim que as coisas são em Elenia, pois ameaçados por forças que não podem simplesmente ser combatidas com armas, os cavaleiros precisaram se tornar mais poderosos.
   A tutora da ordem é Sephrenia, uma feiticeira muito poderosa de descendência styrica. Ela é responsável por iniciar e treinar os Pandions na magia Styrica e foi responsável, também, por realizar um feitiço de dimensões extraordinárias para adiar a morte da rainha, adiando também um futuro governo corrupto, no qual ascenderia ao trono o príncipe bastardo Lycheas, um garoto estúpido o quanto pode.
Quem maquina toda a ascensão do bastardo é Annias, um clérigo ambicioso que deseja acabar com toda a ordem Pandion, para que possa se elevar a um cargo de maior importância, para ter controle absoluto dentro da igreja e até mesmo nas decisões que dizem respeito ao reino, já que em Elenia, a igreja e o estado andam lado a lado. 

   O feitiço que mantém Ehlana viva propõe uma corrida contra o tempo para salvar tanto a vida da Rainha, quanto a integridade do reino. Imobilizada por uma espécie de cristal, Ehlana tem sua morte adiada, mas não poderá durar para sempre. Mesmo tendo sua vida ligada pela magia à vida de Sephrenia e as de mais alguns cavaleiros da ordem, Ehlana não está protegida. Cada vez que um cavaleiro morre, o que inevitavelmente acontece, o peso aumenta sobre Sephrenia, e a vida da Rainha se torna um fardo cada vez mais difícil de suportar. Caso fracassem em conseguir uma solução para o problema, a vida de todos os envolvidos no feitiço terá um fim, e a desordem se instaurará sob Elenia.
Com isso, Sparhawk, Sephrenia e os demais cavaleiros da ordem Pandion saem em busca de uma cura para o mal que se apossou de Ehlana. A jornada não carrega em si muita esperança. Pontuando este longo trajeto, era de se esperar que problemas surgiriam. Annias não deixou por menos, e ele tenta a todo custo impedir o cumprimento da missão.      Corrupto que é, o clérigo é capaz de tudo para que sua ascensão a um cargo mais alto seja certeira. Ele passa a compactuar até mesmo com um grupo de mercenários já familiarizados com a ordem Pandion, armando emboscadas e articulando planos para paralisar a jornada de Sparhawk e, com isso, elevar Lycheas ao trono de Elenia.


Eu consegui usufruir de cada elemento encontrado no livro. David Eddings criou uma trama principal, porém,  o livro está recheado de intrigas politicas e desafios aos quais Sparhawk se vê estacado. Toda vez que um problema novo é introduzido no meio da trama principal, eu pensava: Mas que droga! Afinal, tinha muita coisa em jogo. Só que tão logo quanto os problemas apareciam, eu era sugado para dentro deles em busca de uma solução. O autor, de alguma forma, permitiu que o leitor parasse e pensasse junto com os cavaleiros, refletisse sobre cada situação e extraísse o máximo possível de informação. Eu usei o mapa desse livro como nunca usei o de livro nenhum, não sei se era necessário como fiz ser, mas deu um clima legal para a leitura.o-trono-de-diamante-mapa-eosia

   Os laços entre os personagens são dignos de uma família. Sparhawk é muito apegado a Sephrenia, e a tem como mãe. Na verdade, todos os cavaleiros a tratam como "Mãezinha", mas a ligação e a confiança que ela deposita em Sparhawk não é tao casual na relação com os demais cavaleiros. Eddings aproveitou o tempo que lhe era dado entre um obstáculo e outro para trabalhar em casa personagem de forma única, de modo que, ao fim da leitura o leitor possa reconhecer determinado personagem só por um habito ou característica deste.  Isso sem falar nos personagens que apareceram no decorrer da história... Temos a presença de dois personagens infantis que são importantíssimos: Talen e Flauta. Talen é um ladrão promissor. Fruto de uma relação extraconjugal de Kurik, escudeiro de Sparhawk, Talen foi criado nas ruas, ingressou no submundo dos ladrões e logo passou a ser considerado o melhor de Elenia. Depois de alguns problemas ocorridos dentro do reino, Talen acompanha os cavaleiros em sua jornada, e por diversas é peça intrínseca para o desenvolvimento de determinadas situações. Já Flauta, simplesmente apareceu numa floresta após um incidente com um vilarejo Styrico. Sendo uma garotinha Styrica e dotada de muitas habilidades, Sephrenia adota-a como filha e desenvolve uma relação muito intensa com a garota. Flauta recebe esse nome por estar sempre tocando tal instrumento e nunca ter dito uma palavra sequer. Expressando-se somente por meio das notas emitidas por sua flauta de pã.    David Eddings apela para as informalidades das relações humanas para deixar o livro bem divertido. Os personagens destacados dificilmente são formais entre si. Sempre há apelos e brincadeiras a respeito do outro, como se fossem irmãos mesmo. Telen foi um dos personagens que mais me cativou, e por não lidar muito bem com a moral e a ética dos cavaleiro, acaba sendo responsável por algumas transgressões que são divertidíssimas.
8186i9jdc7l-_sl1500_   A construção de mundo é, digamos que, bem de raiz. Características medievais, espadas, guerras e magias. A fórmula para o gênero. O mundo criado por Eddings não foi a chave para o bom desenvolvimento da história, apesar de ser bom. Foi grande o investimento nos personagens e nos problemas enfrentados por eles. Eddings poupa o leitor de mais do mesmo (falo da descrição exagerada de cenários), dando espaço para diálogos e situações que prendem a atenção até que sejam terminados.
Sem sombra de dúvidas um livro excelente. A âncora deixada no final do livro para o segundo volume, O Cavaleiro de Rubi, foi tão bem solta que, sem perceber, ao terminar a leitura, eu  já estava preparado para a continuação.
   O Cavaleiro de Rubi é minha leitura atual, e em breve trago resenha!
Por enquanto é isso, amigos leitores.  Espero que tenham gostado, e até a próxima!



O-Trono-de-Diamante-David-Eddings.pngA FICHA 

Título: O Trono de Diamante
Da série: Trilogia Elenium
Título Original: The Diamond Throne
Autor: David Eddings
Capa: Marc Simonetti
Tradução: Marcos Fernando de Barros Lima
Editora: Aleph
Ano da publicação brasileira: 2015 
Ano da 1ª publicação: 1989
Páginas: 408
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2 comentários

  1. Mais uma resenha excelente, Léo!
    Eu li O Trono de Diamante logo quando foi lançado e adorei! O livro não tem aquela pegada com mais ação que esperamos da fantasia épica, mas possui uma trama muito envolvente. É repleto de conflitos políticos e étnicos, tem um sistema de magia curioso e os personagens foram criados com uma maestria que beira a perfeição. Tô pra ler a continuação faz tempo, mas a fila não deixa hahaha.

    Um forte abraço!

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  2. Obrigado Phelipe!
    Eu fiquei intrigado com o jeito que o livro me prendeu, mesmo com um ritmo de acontecimentos mais desacelerado. Tem uns diálogos e umas intrigas muito boas, realmente. Quanto ao segundo livro, tô nas últimas páginas e com dó de terminar. Quando tiver a chance, leia. Ele tem um clima mais pesado, os cavaleiros começam a lidar com umas forças mais obscuras e tem horas que dá até medo :x
    Um abraço, e volte sempre! :D

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O Adoráveis Dias de Cão é um blog sobre livros, filmes, séries e afins. Criado por Leo, que há uns anos faz uso de altas doses de ficção e fantasia e entende que, não só de realidade viverá o homem.