ARQ: Ficção científica, distopia e loops temporais.
20:25
Fiquei feliz ao saber que a mais recente produção da Netflix era um thriller de ficção científica. Minhas aventuras pelo gênero vêm sendo muito bem sucedidas esse ano e, sendo assim, decidi assistir ARQ o quanto antes.
Diferente dos livros que eu resenho por aqui, não vou estender a sinopse do filme, até mesmo para não entregar a história e acabar estragando a experiência daqueles que ainda não assistiram.
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Para começo de conversa, não nos é entregue um contexto logo de primeira. Com um pouco de persistência, entende-se que trata-se de um futuro distópico. A terra - ou grande parte dela - foi assolada pelas coisas que já imaginamos que o façam: Guerras nucleares, poluição, pobreza, e por aí vai. O filme não chega a cair no clichê distópico da terra devastada, simplesmente por não apresentar esse cenário.
Temos praticamente durante todo o longa, apenas um cenário: A casa de Renton (Robbie Amell), um cara que parece já ter sido envolvido em algumas merdas governamentais mas, aparentemente, está fora do jogo de intrigas. Mas ainda não sabemos muito sobre ele.
Por enquanto ele acorda ao lado de Hannah (Rachael Taylor) enquanto um grupo de mascarados invade a sua casa. Mas esse é o sonho que Renton acabou de ter. Alguma coisa não tá nos eixos.
Ele logo percebe estar preso à um looping temporal, e usa esse fator para alterar o modo como ele reage à invasão, percebendo a cada repetição, certas nuances que o ajudarão a entender o que diabos está acontecendo. O que Renton tem que desperta o interesse desses invasores e qual é a participação de Hannah, sua ex, nesse jogo todo? Tais elementos são entregue de maneira dosada, conforme os loops acontecem e, junto com o personagem, é possível pensar em soluções para as próximas investidas.
O rapaz é dono de diversos artefatos que configuram luxos na atual conjuntura do planeta terra: alimentos produzidos em casa, energia, muito dinheiro e alguns objetos que, primeiramente, passam despercebidos. É o caso do ARQ, uma matriz energética totalmente auto-renovável desenvolvida por ele e tirada das posses de uma facção governamental, que deseja, a todo custo, tê-la de volta.
A história é muito bem amarrada e acontece em frenéticos 88 minutos - que mais parecem 30. A ARQ, que de início não era muito mais que um elemento, aos poucos vai despertando o interesse dos personagens, sobrepondo a trama inicial. A relação Renton + Hannah aos poucos ganha visibilidade, assim como um pouco do passado individual de casa um deles. Tudo isso sempre atado a história central.
As motivações dos demais personagens é, de certa forma, rasa, mas por não ter ganhado muito contexto. Sabe-se que em oposição ao governo atuante - que parece ser exercido por uma espécie de empresa, há um grupo de revolucionários que através de revoltas, planejam uma tomada de poder. Olhos crescem sobre a ARQ, afinal de contas, para o mundo destroçado como está, uma máquina como essa significa poder.
Apesar do uso de apenas um cenário, efeito especial quase nenhum, visto que se trata de uma distopia futurística, o filme agrada por trazer peculiaridades que conversam com quem assiste. Quando menos se espera, faltam menos de 10 minutos para o fim e você ainda está preso aquela trama, desejando mais loops, de modo a tentar achar uma saída plausível para toda aquela situação. Isso faz com que esse constante reset não fique maçante.
Essa repetição é responsável também por cortes ágeis e bem feitos, além de uma trilha sonora que, por casar tanto com as cenas, passa naturalmente. A junção desses elementos deixa na produção um aspecto de urgência que me levou à tensão durante todos os minutos em que discorrem o filme.
Dirigido por Tony Elliot, um dos roteiristas de Orphan Black, o longa traz temas que não são novidades para um publico mais ativo, mas ainda assim é capaz de surpreender com alguns elementos inovadores. O fato de não ter sido entregue todo o contexto, o desenvolvimento a trama em um cenário com poucas possibilidades para o gênero e ainda o freio sobre uso excessivo de computação gráfica, possivelmente fizeram desse filme um desafio para a equipe de produção, que soube trabalhar muito bem dentro da ideia proposta.
1 comentários
Muito bom filme e, principalmente, pode marcar um início de filmes Sci-fi originais netflix, o que seria ótimo.
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