Guerra do Velho, de John Scalzi

11:07



Guerra do Velho foi escrito por John Scalzi e foi um dos lançamentos da Editora Aleph mais aguardados para o ano de 2016. A história já conta com alguns livros que dão sequência ao universo publicados nos EUA pela editora Tor Books.


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Espero que gostem da resenha!

O que mais fazer quando se tem 75 anos e nenhuma perspectiva de vida que seja lá grandes coisas? Para John Perry, alistar-se para uma guerra espacial é uma boa ideia. E porque não seria?
Apesar de ter  passado metade de sua existência condenando guerras ou qualquer tipo de violência, John não vê outra forma de dar cabo de uma forma magistral em sua vida. Ele sabe que se ficar na terra a não vai viver por tanto tempo assim, entretanto, se for pra guerra... Bem, até hoje ninguém voltou do espaço para contar história.

E o que, exatamente, está acontecendo?
Sabe-se que a humanidade está em guerra, porém não é aquela típica guerra travada entre países por razões históricas ou sejam lá os motivos que poderiam causar um conflito. O ser humano já é capaz de fazer viagens interestelares e decidiu que seria interessante começar a colonizar outros planetas. Acontece que há algumas espécies alienígenas que tiveram a mesma ideia. Ou seja: Guerras interplanetárias!
Intermediados pela chamada Forças Coloniais de Defesa (FCD), seres humanos são enviados para outros planetas com dois objetivos diferentes:

  • Colonizar: v.t.d. Fazer com que seja transformado em colônia; desenvolver colônia(s)

Pouco se fala sobre como está a Terra no momento, sabe-se que algumas guerras aconteceram e países pobres se tornaram mais pobres e superpopulosos. A humanidade teme um colapso. Usufruindo desta nova capacidade de fazer  viagens interestelares, as FCD decidem enviar a população desses países mais pobres para colonizar outros planetas, desenvolvendo formas de sustento e dando uma aliviada no planeta Terra.
Claro que essas colonizações não poderiam acontecer sem alguns contratempos. Como dito, alienígenas também fazem umas viagens em busca de novas formas de vida e sustento, e alguns deles -arrisco a dizer que a maioria- está disposta a exterminar qualquer forma de vida, incluindo seres humanos, que esteja no caminho.
É aí que se faz necessário o segundo lote de seres humanos, os jovens de 75 anos, e junto deles, nosso amigo -e protagonista- John Perry.

  • Guerrear: v.t. Declarar guerra a, combater, hostilizar.

As FCD precisam de um exercito que defenda as colônias, além de manter os conflitos longe do planeta Terra. Enquanto a população de países mais pobres são enviados para formarem colônias, nos EUA a história é um pouco diferente: Ao fazerem 75 anos, as pessoas podem se alistar para as Forças Coloniais de Defesa. Eles não fazem a mínima ideia do que acontece por lá e nem como diabos serão capazes de lutar com esse condicionamento físico meio acabado e em uma fase tão tardia de suas vidas, e mesmo assim muitos vão.
E assim faz John Perry. Completou 75 anos, visitou o tumulo de sua esposa,  despediu-se de seu filho, resolveu alguns problemas pendentes que ele não queria deixar passar, se alistou no exército e em três dias estava junto de mais alguns velhos sendo levado para o espaço, sem chance de voltar e com uma vida totalmente encerrada na terra. Oficialmente declarado morto.
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No trajeto da terra até o seu destino final (Beta Pyxis III), os novos soldados das FCD são transportados por um sistema incrível -que eu salvo de detalhes para os futuros leitores- e dentro desse meio de transporte que John Perry se junta a um grupo de setentões que embora tenham pouco em comum, decidiram que queriam dar o mesmo destino para suas vidas.
Rapidamente nós vemos uma amizade sendo formada entre os personagens e nasce então o grupo intitulado Velharias. A interação do grupo e o modo como eles lidam com as coisas dentro das Forças Coloniais me renderam umas risadas. John Perry tem a bexiga com pouca capacidade de armazenamento, logo vai ao banheiro sempre que possível. Outro velharia, chamado Harry, é um médico aposentado com um apetite monstruoso, logo se serve de toda a comida possível sabendo que de uma forma ou outra as FCD vão ter que dar um jeito em qualquer veia entupida que possa vir a aparecer.
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Assim segue o livro, cada personagem vivendo sua vida de velho no espaço, mesmo que esses problemas que vêm com a idade durem pouco tempo. Afinal de contas, eles precisam estar tinindo para poderem ser uteis na guerra.
Os personagens passam por um sistema de condicionamento -se é que eu posso definir dessa forma- extraordinário. Eu não vou entrar em detalhes porque estragaria uma das coisas mais incríveis que o livro trás, mas é incrível a forma como velhos são
preparados para a guerra, sem sombra de duvida uma das coisas mais legais que eu já li.
O Autor, John Scalzi, salvou o livro de flashbacks exagerados. Não sei se foi uma coisa proposital, mas faz sentido querer evitar contar a fundo a historia de todos os personagens. Em uma pagina ou duas nós já sabemos quem John Perry era, como conheceu sua esposa e o que fazia da vida, além de que o aprofundamento nos demais personagens tomaria espaço das descrições e dos comentários incríveis dos personagens sobre os modos e as formas de vida extraterrestres.
Outro ponto interessantíssimo do livro: Os alienígenas 👽
Scalzi investe na descrição dos alienígenas de maneira muito objetiva, por se tratar de um livro em 1ª pessoa e John Perry sendo um personagem  muito sarcástico, assim como o resto do grupo, não poupa comentários maldosos sobre os extraterrestres.
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As criticas e o ser humano - como John Scalzi tratou de ética e moral, fazendo um paralelo entre ficção e realidade.
Um pouco mais a frente na historia, os alienígenas são apresentados ao leitor de uma forma mais completa. Seus hábitos e costumes são explicados e é fácil começar a desenvolver certa empatia por alguns deles - Pelos Consu, principalmente. Essa empatia veio na mesma hora em que alguns personagens passam a desenvolver alguns pensamentos humanitários sobre a guerra e sobre a forma que eles aniquilam seres com inteligência e organização desenvolvidos sem dó nem piedade. Aliás, é muito interessante como John Scalzi encaixa algumas temáticas relacionadas a ética e crítica mesmo que de forma cômica algumas características do ser humano. No começo do livro temos um personagem racista, questionando porque os Americanos eram enviados para guerrear e os Indianos, por exemplo, eram colonizadores e tinham uma vida melhor fora da terra, no entanto esse personagem não tem moral nenhuma com os demais, que certamente consideram seu pensamento atrasado.
Homossexualidade e liberdade sexual são assuntos que foram tratados no livro de uma forma muito simplória e leve, ou seja, John Scalzi quis retratar tais coisas com a normalidade que elas merecem.

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O livro continua carregado de surpresas mesmo quando os personagens já se adaptaram à vida nas FCD e é levantada uma questão, que inclusive intitula o próximo livro da serie: As Brigadas Fantasma. Sabe-se que  há um grupo especial de soldados que não tem muito contato com os demais e isso afeta Perry diretamente de um jeito muito interessante. Ao longo da historia o protagonista se desenvolve e cresce nas Forças Coloniais de Defesa. Eu senti falta das reclamações sobre os problemas de 3ª idade conforme os personagens foram sendo condicionados, mas isso não tirou nem um ponto da história.

Sem duvida aguardo ansiosamente o lançamento da sequencia!

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3 comentários

  1. Eu adorei o jeito q vc fez a resenha. Costumo ñ ler resenhas por só encontrar adjetivos no texto, ao invés de motivos reais pra ler. O livro parece ser mesmo bom, mas a parte de ser uma série me desanimou. É sempre tanto sofrimento q eu passo na mão dos autores e editoras, esperando os outros livros sairem...

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  2. Nossa, muito obrigado Tamires! É muito bom ler esse tipo de comentário. Tenho só 5 meses de blog e saber que tem gente gostando é um grande incentivo :D. No vídeo da Aleph, eles falaram uma coisa e eu concordo: Apesar de ser uma série, o livro tem um fechamento próprio. Eu com certeza lerei os próximos, mas dá pra deixar passar batido se conseguir controlar a ansiedade pra ler os outros, haha!

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  3. […] Decidi depois de uma boa experiência já retratada aqui no blog (vide resenha de Guerra do Velho) que esse ano eu me aventuraria um pouco mais na ficção científica, gênero do qual eu sempre […]

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O Adoráveis Dias de Cão é um blog sobre livros, filmes, séries e afins. Criado por Leo, que há uns anos faz uso de altas doses de ficção e fantasia e entende que, não só de realidade viverá o homem.