O Menino Que Desenhava Monstros, de Keith Donohue
04:37
O Menino que Desenhava Monstros foi escrito por Keith Donohue e publicado originalmente em 2014. A publicação brasileira ficou por conta da DarkSide Books, que o fez majestosamente.
Pouparei este texto de muitos detalhes.
Sei que é comum não revelar todos os elementos de uma obra em uma resenha, para que possamos assim preservar a experiência do futuro leitor, mas mais que nunca, este é um livro que merece ser destrinchado em cada página a modo do leitor por si só. Não saber muitos detalhes sobre O Menino que Desenhava Monstros, é importantíssimo para cada desestabilizada que o livro dá no psicológico do leitor, e por cada surpresa que, queira você ou não, é de tirar o fôlego.
Pouparei este texto de muitos detalhes.
Sei que é comum não revelar todos os elementos de uma obra em uma resenha, para que possamos assim preservar a experiência do futuro leitor, mas mais que nunca, este é um livro que merece ser destrinchado em cada página a modo do leitor por si só. Não saber muitos detalhes sobre O Menino que Desenhava Monstros, é importantíssimo para cada desestabilizada que o livro dá no psicológico do leitor, e por cada surpresa que, queira você ou não, é de tirar o fôlego.
"Na casa dos sonhos, o garoto tentava escutar o monstro embaixo de sua cama. Uma aterradora presença na escuridão o havia despertado no meio da madrugada, e ele aguardava o som revelador de uma respiração"
Jack Peter têm síndrome de Asperger, uma espécie de autismo que o priva de qualquer forma de interação plena com as demais pessoas. No entanto, Jack era um garoto comum. Pelo menos até um acidente que quase lhe custou a vida. Após o acidente, Jack desenvolveu agorafobia, caracterizada por medo de lugares abertos, ou seja, Jack não sai de sua casa para nada além das visitas ao médico, e sua família precisa se adaptar às novas necessidades do garoto.
Nick ainda faz constantes visitas ao seu amigo, porém, essas visitas são permeadas por um sentimento de obrigatoriedade e, para ele, estar na companhia de Jack não é lá tão agradável. Jack é uma criança peculiar, - e possivelmente haveria um lugar especial para ele no lar da Srta. Peregrine - tem todo um leque de manias e hábitos que não podem ser de forma alguma desrespeitados, e isso torna estressante o convívio com o garoto. Seus pais que o digam. O primeiro filho do casal, uma casa dos sonhos na beira da praia e uma vida que tinha tudo para ser tranquila, mas Jack está cada dia pior e não dá indícios de nenhuma melhora.
Jack passa o dia desenhando, e isso para seus pais é um certo alívio. O garoto está entretido e longe de ter qualquer ataque de pânico ou coisa assim, mas reclamações à cerca de monstros rondando a casa e até mesmo dentro dela se tornaram diárias na casa dos Keenan. E é a partir daí que a trama se desenvolve.
As opiniões dentro da casa se divergem, criando um clima de tensão nunca antes vivenciado por Tim e Holly, pais de Jack. Tim acredita que a solução para os problemas de Jack é aumentar a dosagem de seus remédios e um pouco mais de paciência para a situação. Molly acredita que a situação está fugindo de controle, que Jack está se tornando agressivo e representa um perigo tanto para si mesmo quanto para aqueles que o cercam. Mas todas as opiniões fraquejam diante dos eventos estranhos que começam a pontuar a vida, antes pacífica, dos Keenan.
Cada fato, milimetricamente encaixado na história, contribui para um desenrolar insano da trama. Como leitor, pude sentir a tensão e a confusão sentidas pelos personagens. Todos eles tem uma profundidade de personalidade que dão um tom real ao livro e me fez questionar, assim como eles questionaram, a veridicidade dos estranhos acontecimentos.
Fui saber, algum tempo depois de ter terminado a leitura, que Keith Donohue já é um autor bem conhecido e tem certa carga literária, e isso meio que explicou o cheiro de clássico que eu sentia enquanto eu lia o livro. Acontece que Donohue usa de artifícios que buscam no subconsciente do leitor alguns medos há muito tempo adormecidos, de modo que a linha entre ficção e realidade fique realmente muito tênue e isso é angustiante.
O Menino que Desenhava Monstros não é responsável por dar aqueles sustos aleatórios, nem por colocar o leitor com medo de alguma coisa em questão, mas sim por trazer um lado mais humano para a historia que acabou ativando em mim um sentimento de empatia pela família. Essa sucção responsável por colocar o leitor tão perto da história é que faz toda a diferença no livro.
Esse foi um livro no qual eu apostei desde o seu anuncio e hora nenhuma a história me desapontou. As minhas expectativa eram altas e ainda assim a escrita de Keith Donohue conseguiu alcançá-las com este terror psicológico capaz de externizar os sentimentos mais desconfortantes de um leitor.
Tim vê aparições que desafiam suas idéias e, apesar de ser bem cético, ele começa a se questionar sobre o quão reais são as coisas que ele vê, a ponto de se colocar em perigo para tirar as provas. Molly ouve sons vindo do mar e decide buscar ajuda para toda a situação da família. Ironicamente, Ela decide ir à igreja, coisa que não fazia desde criança, mas acaba encontrando lá, uma pessoa que pode ter respostas e oferece ajuda para os Keenan. Se perdendo cada vez mais em investigações a respeito de todo o caso, a mãe de Jack pode encontrar respostas desagradáveis. Nick tenta a todo custo achar conforto na companhia do amigo, mas cada vez está mais difícil. Jack Peter desenha monstros e acha nisso uma alegria que, para mim, beira a insanidade. Contudo, Nick se esforça e acaba entrando demais na brincadeira de Jack. Ele está cada vez mais imerso no mundo criado por seu amigo e, mais do que qualquer um, sabe o que se passa com a família.
Cada fato, milimetricamente encaixado na história, contribui para um desenrolar insano da trama. Como leitor, pude sentir a tensão e a confusão sentidas pelos personagens. Todos eles tem uma profundidade de personalidade que dão um tom real ao livro e me fez questionar, assim como eles questionaram, a veridicidade dos estranhos acontecimentos.
Fui saber, algum tempo depois de ter terminado a leitura, que Keith Donohue já é um autor bem conhecido e tem certa carga literária, e isso meio que explicou o cheiro de clássico que eu sentia enquanto eu lia o livro. Acontece que Donohue usa de artifícios que buscam no subconsciente do leitor alguns medos há muito tempo adormecidos, de modo que a linha entre ficção e realidade fique realmente muito tênue e isso é angustiante.
O Menino que Desenhava Monstros não é responsável por dar aqueles sustos aleatórios, nem por colocar o leitor com medo de alguma coisa em questão, mas sim por trazer um lado mais humano para a historia que acabou ativando em mim um sentimento de empatia pela família. Essa sucção responsável por colocar o leitor tão perto da história é que faz toda a diferença no livro.
Esse foi um livro no qual eu apostei desde o seu anuncio e hora nenhuma a história me desapontou. As minhas expectativa eram altas e ainda assim a escrita de Keith Donohue conseguiu alcançá-las com este terror psicológico capaz de externizar os sentimentos mais desconfortantes de um leitor.
2 comentários
suas resenhas sempre me deixam com vontade de ler os livros... ótimo trabalho, amigo! XD
ResponderExcluirObrigado Tamires! Que bom que você tá curtindo, fico muito feliz :D (Lembrando que esse habito dos livros começou lá atrás com Percy Jackson, faz tempo heim!?)
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